quinta-feira, 18 de junho de 2009

Oásis Africano


O que vem à cabeça quando se fala em África? Pobreza, talvez? Um continente que por muitos se diz abandonado por Deus, marcado por guerras civis, disputas étnico-religiosas, fome, doenças, dentre outros fatores que deram a este continente este fardo.


E como poderíamos definir uma Copa das Confederações? Uma prévia da Copa do Mundo, servindo de teste para o país sede e para as seleções? Mais uma competição para gerar capital? Até poderia ser, se esta estivesse ocorrendo na Europa ou nas Américas. Para o povo africano é muito mais do que um simples torneio de futebol. É a chance de resgatar a alegria, a esperança. Esquecer, nem que seja por alguns instantes, a dura realidade que vivem. Pode ser comparado com a descoberta de um oásis no meio do deserto, onde as folhas do coqueiro tapam o sol por um tempo, dando oportunidade para um breve respiro de alívio.


Assim o povo africano vai encontrando no futebol um meio de estar interligado com o restante do mundo. E não querem muito, se satisfazem só em ver as seleções e as estrelas mais famosas do mundo do futebol entrarem em campo, mesmo estando a vários metros de distancia. Vibram, dançam, cantam em qualquer partida, com qualquer gol. Tocam corneta durante os 90 minutos de partida mais os 15 de intervalo, levando espectadores, jogadores e repórteres a loucura com o zumbido que produzem. Estou no time desses que reclamam durante as partidas do imenso barulho irritante que provém da torcida, mas um pensamento me veio a cabeça. Será que não é uma maneira que o povo africano encontrou de dizer "Estamos aqui" ou o "grito" de desabafo para que o mundo possa ouvir?


A África está conseguindo ter dias sucessivos de felicidade. Ontem a África do Sul ganhou sua primeira partida na competição, uma boa vitória sobre a inofensiva Nova Zelândia, de 2x0 que podia ter sido mais. Hoje a África entra em frisson, após uma vitória histórica do Egito sobre a poderosa e atual campeã do mundo, Itália. De um lado Buffon, Cannavaro, Pirlo e Toni, que jogam para levar sua seleção às semi-finais da Copa das Confederações e defender a posição da equipe no ranking mundial. Do outro lado El-Hadary, Ahmed Fathy, Mohamed Zidan, Homos, que jogam para defender seu país, comemorando a vitória contra a Itália, como se fosse final de Copa do Mundo.


Como descendente de italiano e admirador do futebol da Azurra, torci para a Itália, mas no fim fiquei feliz com a vitória do Egito. O goleiro El-Hadary fechou o gol de todas as formas que pôde e teve seu dia de glória merecido. E me impressionou a maneira como se comportou em campo a seleção Egípcia, onde o time não ficou acuado, jogando no contra-ataque. O time se lançou para frente batendo de igual com a seleção italiana, tendo chances de ampliar o placar. Demonstrou também que contra o Brasil não foi uma partida atípica ou foi demérito dos jogadores brasileiros mas sim que o Egito conta com bons jogadores e tem raça e vontade de ganhar.


Ao fim lembro-me de uma sigla que ouvi sobre a África, "TIA" (This is África) ou "EEAA" (Essa é a África) que remete aos diversos problemas do continente. Mas agora vejo a sigla com outra visão. Essa é a África, que diferentemente do que parece, possui um povo alegre, animado, esperançoso e acima de tudo sonhador, para que um dia possam contar com um continente melhor e abençoado por Deus.

2 comentários:

  1. Eu gosto de copa do mundo, mas pensando bem, vc reflete q igual aqui no brasil, muuuito dinheiro está sendo gasto pra construir as coisas pra ficar bom pra qndo acontecer a copa aqui e esse dinheiro q é muito poderia estar sendo usado para melhoria de muitas outras coisas, como por exmplo qualidade de vida da sociedade

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  2. Bom, eu confesso que também não gosto do enxame de abelhas que parece aquele zunido das cornetas africanas, mas concordo com você na maravilha que é ver a África do Sul (outrora palco da sandice que era o apartheid) em festa. Uma pena que ela não é tão democrática, porque o preço dos ingressos é um pouco salgado pra realidade deles.

    Quanto à Copa das Confederações, quem diria, um campeonato que antes parecia um "desafio ao galo" de luxo, agora tá servindo pra alguma coisa a mais do que a anfitriã treinar seu esquema de segurança. Já tem algumas emoções e até zebras como a do Egito!

    Mandou bem pela matéria, Willon.

    Abraços,

    Vinícius Faustini

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